Dove e cadeiras de praia combinam sim. A prova disso é a ação, baseada em dados, que a marca fez para que não tenhamos que ouvir estas frases:
– Num senta nessa cadeira que ela não te aguenta
– Eu não dou nessa cadeira
Eu já ouvi e falei as frases acima. Em todas as ocasiões foram momentos desconfortáveis e sem noção.
Se para mim foi constrangedor vivenciar isso, imagina para quem não pode ir a praia porque simplesmente não tem uma cadeira que permita estar na areia ou entrar na água.
Por um lugar ao sol
A Dove realizou uma pesquisa, em parceria com o Instituto Ideia e conduzida pela Soko, uma de suas agências, que mostrou que 51% das pessoas com deficiência e 42% das pessoas gordas do Brasil já deixaram de frequentar a praia por limitações de estrutura e acessibilidade.
São pessoas que informam a falta de rampas para chegar a areia dificuldades para entrar na água e até acessos a banheiro químicos.
Diante desses dados a marca entendeu que a praia é um espaço gratuito, mas que precisa se tornar acessível para corpos diversos. Por isso ela fez a ligação criativa entre os dados da sua pesquisa e cadeiras de praias.
As cadeiras são um ícone praiano e, ao mesmo tempo, um símbolo da falta de acessibilidade. Vemos isso nas frases acima onde até pessoas “normais” não se encaixam nas cadeiras.
Outro ponto de ligação é com a atual campanha de verão da marca “por um lugar ao sol”. Tratasse de uma campanha que convida as pessoas possam irem a a praia independe das imposições sociais que acabaram tirando você deste lugar.
No Tiktok há diversos vídeos de pessoas relatando que já deixaram de ir a praia por conta de algum padrão que julga não estar encaixado.
Dove e as cadeiras de praia
Diante dessa problemática a marca viu nas cadeiras de praia a possibilidade de ampliar o lugar ao sol para pessoas gordas e ou PCDs e desenvolveu dois modelos de cadeiras para este público.
O primeiro modelo é destinado a pessoas gordas para possam sentar-se nas cadeiras de praia sem se preocupar em estarem apertados ou com a resistência do material.
O segundo é um modelo anfíbio com rodas acopladas para que PCDs possam frequentar a areia e água.
Ao colocarmos os modelos da Dove em comparação com as cadeiras normais vemos o quanto as opções tidas hoje no mercado são inadequadas. Parecem cadeiras infantis feitas para adultos.
As cadeiras estão disponíveis gratuitamente no “Espaço Dove – Um Lugar ao Sol”, na praia do Leme, no Rio de Janeiro, até o dia 7 de março. Você pode solicita-las em um site criado para esta ação.
E para o resto do país?
A marca já informou que ao final da ação as cadeiras serão doadas para outros pontos do litoral carioca e que está batalhando para que as cadeiras sejam produzidas num escala maior. Uma dos desdobramentos da ação é disponibilização dos protótipos para que os fabricantes possam produzir modelos com acessibilidade.
Essa iniciativa é interessante porque o país possui mais de uma estação de verão. No Norte, por exemplo, o verão acorre a partir de julho e a nossa relação com ele se dá de uma forma diferente, temos praia de rio, praia de água salgada, cachoeiras e igarapés. Em todos esses espaços há problemas de acessibilidade e as cadeiras da Dove cairiam como uma luva.
Eu gostaria ver em uma ampliação da campanha para outras regiões do Brasil assim como gostaria de ver outros players do turismo aderindo a este movimento. Os dados dessa pesquisa da Dove mostram que é possível aumentar o fluxo de frequentadores e, por conseguinte, o fluxo de caixa quando se permite que mais pessoas possam ter o seu lugar ao sol.